segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

FORCADO

Encontrei por acaso este comentário de uma jovem chamada Neuza, que de uma forma simples elucida aquele que para nós é O MOMENTO.
Achei um texto tão simples e tão claro que não pude deixar de o publicar aqui.
Surpreendentemente é de uma mulher....
E porque não???
"o homem que, a mãos limpas, abraça o toiro cara-a-cara e o domina sem artifícios.
...

No final de cada lide com o animal sozinho em praça, ouve-se um toque e um grupo de oito homens, saídos do meio de, pelo menos outros tantos, apoiam as duas mãos na trincheira e, em salto atlético, corpo empranchado sem tocar nas tábuas, voa literalmente para a arena, aterrando de pés firmes.


Há um silêncio palpável na praça!


Todos olham atentamente aquele que, sem ouro ou lantejoulas, sem vestidos de seda nem cetim, meia de renda branca e calções cor de areia, alguns já desgastados, camisa branca com gravata vermelha, sapatos ensebados, tendo uma larga cinta, o barrete verde debruado a vermelho e a jaqueta de ramagem.


Do silencio expectante do que se vai seguir, destaca-se do grupo um, que empunha o barrete e o ergue num brinde, enfia-o até ás sobrancelhas, desarmado e destapado, os restantes membros atraz escondidos pela sua figura e, fixa o toiro nos olhos e cita-o:


TOIRO!!! EEEEH TOIRO LINDO!!! TOIRO!!!


Se o toiro não arranca vai busca-lo, bate-lhe o pé, repetindo sempre


TOIRO! TOIRO! TOOOIRO!


O homem recua, o toiro avança e, já no momento da reuniao quando o corpo lhe cai entre os cornos, saltam-se as mãos, abrem-se os braços e estreitam-se, homem e toiro!


O ÚNICO, O PORTUGUES DE RAÇA, O NOBRE, O FORCADO, O QUE, POR PRINCIPIO DE HONRA, NÃO RECEBE cachet POR ARRISCAR A VIDA!"

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Forcados do Ramo Grande em Moura

Uma Comitiva do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG) esteve na Festa de Campo do Real Grupo de Forcados Amadores de Moura (RGFAM), a convite do grupo anfitrião.

A Festa decorreu no sábado, dia 17 de Novembro, na Herdade da Galeana, na Granja, onde está instalada a Ganadaria Murteira Grave.

Pelas 09:00h da manhã chegámos à Herdade da Galeana onde, juntamente com o RGFAM fomos recebidos pelo Dr. Joaquim Grave, proprietário da Ganadaria.

Aqui foi-nos feita uma breve explicação sobre a Ganadaria Murteira Grave e sobre a história daquele monte.

Depois de um breve pequeno-almoço com queijo da Região, pão, café e vinho do Porto, subimos para os atrelados que nos levariam a visitar a Ganadaria Murteira Grave, uma das mais importantes do País.

Ao longo do percurso deparámo-nos com uma paisagem de planícies secas e áridas que constituem um grande obstáculo à criação dos animais. O clima daquela zona, bem diferente do que temos nos Açores, obriga a um grande esforço suplementar dos Ganadeiros na alimentação dos animais.

Depois de algum caminho vimos os primeiros exemplares. Toiros bonitos, encastados, com trapio e grande porte. Córneas largas e simétricas e grande sentido dos animais.

Depois de termos visto as vacas, chegou a altura do treino do RGFAM no tentadero Murteira Grave.

Nos curros, um novilho e uma vaca.

O Novilho saiu bem. Com sentido e alguma nobreza, revelou-se um animal razoável para o treino. Apesar de não haver capotes, o novilho fez algumas pegas de bom nível, acabando por, passado algumas pegas, começar a defender-se na crença.

Filipe Lemos, do GFARG, em dia de aniversário recebeu como “prenda” uma pega ao novilho em causa. O “nosso” Nuno Pires, também foi contemplado com esse benefício, sendo obrigado a ir buscar o Novilho à crença mas fechando-se em bom estilo.

A Vaca, apesar de uma córnea bonita e bom porte, acabou por se revelar muito desatenta e pouco nobre. Adiantava um piton e entrava em cima o que provocou algumas dificuldades aos forcados que tiveram a tarefa de ir à cara, tarefa essa que se revelou dura e provocou algumas mazelas.

Depois do Treino seguimos para o Monte onde nos esperava o almoço e, no caminho, tivemos oportunidade de observar os novilhos que constituirão os curros da época 2009.

Foi um fim-de-semana de Toiros e Forcados que muito nos satisfez.

Deixamos aqui as fotos que registam a nossa passagem por Moura.




























Mais fotos aqui

Fazemos um agradecimento muito especial ao Real Grupo de Forcados Amadores de Moura pelo convite e pela forma fantástica como nos receberam no Jantar de Sexta, na visita de Sábado, no Jantar de Sábado.

Ao Cabo Pedro Acabado e a todo o RGFAM um abraço de amizade e um agradecimento muito especial.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Toiro de Lide - características


O toiro quando sai à arena e durante a lide apresenta os seguintes "estados":

Levantado - O toiro percorre o redondel tentando encontrar uma saída. Atropela o que encontrar à sua frente. Acomete ao lidador, mas sempre para o afastar, sai "solto"e recomeça a fugir.

Parado - Ao toiro já lhe foram dados uns lances de capote e recortes com a garupa do cavalo e se inicia a colocação dos ferros compridos e bandarilhas.

Aplomado - No caso da lide à espanhola, depois de já ter consentido a faena de muleta, o toiro fica cansado e já com pouca investida. É neste estado que o lidador entra a matar com o estoque.

No caso da lide a cavalo à portuguesa, não se deve deixar o toiro chegar ao estado de "aplomado", porque deve chegar à pega ainda com força para investir.

http://sol.sapo.pt/blogs/partebilhas/

sábado, 10 de novembro de 2007

Pegar toiros é uma arte e uma técnica

"O moço de forcado é, por definição, um homem valente, valente e com medo, por isso mesmo superiormente valente.

Porque a superior valentia do forcado, reside exactamente no facto de ser capaz, no momento próprio, de dominar o medo, conservando a lucidez necessária para ver, pensar e executar a pega dentro das regras estabelecidas.

Pegar toiros é uma arte e uma técnica. Sem técnica, posta a questão no campo de jogo de forças, o homem sairia irremediavelmente derrotado do embate com o toiro. Por isso a técnica da pega é tão complexa como a técnica de qualquer outra modalidade de toureio. Do estudo atento do comportamento do toiro durante a lide, da escolha do forcado que há-de tentar a pega, por comparação de características de um e de outro, da distância e dos terrenos do cite, do caminhar na arena, do esperar, do tourear, ao cair-Ihe na cabeça, para se fechar; à barbeIa ou à córnea, dos múltiplos requisitos de ordem técnica a que o bom forcado deve obedecer, depende o bom êxito da sorte. E tudo isto deve associar-se à estética das atitudes e dos movimentos. Porque assim a pega será entendida como sorte de beleza toureira, e não como rudimentar, ainda que emocionante, acto de bravura humana.

De salientar ainda que, nesta época dos «milhões», o forcado enfrenta o toiro por manifesto idealismo, contribuindo vezes sem fim para obras de beneficência. Os forcados são assim, os últimos românticos das Festas de Toiros.”

A.Martins Rodrigues, O Fado e as Toiradas em Portugal

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

PEGA DE CARAS - o cite

Há grande diferença entre “agarrar” ou “pegar” um toiro.

Quando os forcados se aproximam por detrás do toiro e o grupo cai-lhe em cima quando o animal se vira, diz-se que o toiro foi agarrado.Esta sorte normalmente é utilizada como ultimo recurso numa tentativa desesperada do grupo em consumar a pega.Não sendo uma sorte com momentos de verdadeiro toureio, certo é, que muitas vezes se torna imprescindível a sua utilização. Para tal poderão contribuir uma deficiente abordagem inicial do grupo às características do toiro, assim como, toiros verdadeiramente possantes ou que apresentam características de mansidão.

Na pega de caras o grupo deverá dar as vantagens ao toiro. Chama-se dar as vantagens, quando o toiro já foi colocado pelos peões-de-brega no local da arena onde o cabo recomendou e o forcado da cara começa por chamar o toiro de largo, dando-lhe os terrenos de mais de meia praça. Quando o primeiro ajuda se mantêm longe do forcado da cara e este chama o toiro de largo, o grupo está dando as vantagens ao toiro.Mas o cite não começa quando o forcado chama o toiro, mas sim quando este se vira e olha para o forcado.

Durante o cite pode haver momentos de toureio, se o forcado se mostrar bem; se parar, marcando a figura; se mandar, carregando e alegrando o toiro; se templar, trazendo o toiro toureado, quando recua, até se fechar à barbela ou à córnea.Quando assim é, na pega foram marcados os tempos do toureio: parar, mandar e templar.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Discurso do Cabo Filipe Pires na apresentação pública do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande nos Paços do Concelho da Praia da Vitória


Em Agosto de 2006 um grupo de amigos com um interesse comum, o amor à Festa e ao Toiro, decidiu juntar-se e criar um Grupo de Forcados.

Desde logo começámos a treinar arduamente com o objectivo de, um dia envergar a Jaqueta de Forcado e pisar uma arena.

Ao longo do último ano temos vindo a treinar com o objectivo de aperfeiçoarmos os nossos conhecimentos técnicos.

Hoje é um dia histórico para a Praia da Vitória e para a Festa Brava Terceirense.

A criação de um novo Grupo de Forcados na Ilha Terceira dinamizará a Festa, potenciará o aumento do número de Corridas e será mais um atractivo para a Tauromaquia Terceirense.

Fazemos um agradecimento muito especial ao Sr. Presidente da Câmara Municipal pelo apoio que nos tem dado, por nos ceder o velho Campo Municipal para os nossos treinos semanais e por ter o empenho e a coragem de permitir que a Festa volte a ter como palco as Festas Concelhias da Praia da Vitória;

Agradecemos ao Sr. Director Regional do Desenvolvimento Agrário, Eng. Joaquim Pires, um conhecido aficionado, que desde a primeira hora tem apoiado e incentivado a existência do nosso Grupo;

Um agradecimento, também, a todos os Ganaderos que nos têm apoiado e disponibilizado vacas e novilhos para os nossos treinos;

Um Agradecimento a todos os nossos amigos e aficionados que nos têm apoiado e acompanhado na formação deste Grupo;

Um cumprimento especial ao Grupo de Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, na pessoa do seu Cabo Adalberto Belerique, pela seriedade e correcção com que encarou a existência de um novo Grupo de Forcados na Ilha Terceira.
Infelizmente, as regras rígidas da Associação Nacional de Grupos de Forcados não permitem que a Tertúlia apadrinhe a nossa estreia. Esperamos que, brevemente possamos pegar juntos. Seria uma enorme honra para nós poder pegar com um Grupo com os créditos e historial da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

Um agradecimento muito especial àquele que tem sido o nosso orientador, treinador, conselheiro e amigo e um dos principais responsáveis por estarmos aqui hoje. Ao Duarte Bettencourt muito obrigado.

Por fim uma saudação muito especial aos meus colegas, os 27 elementos do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande que terão a responsabilidade e a missão de elevar o nome da Praia da Vitória e dignificar as jalecas do Ramo Grande na Arena.

A 07 de Agosto teremos a grande responsabilidade de nos estrearmos em praça pegando três toiros ao lado de duas figuras proeminentes da Tauromaquia.
Tudo faremos para estar à altura de tamanha responsabilidade.

O Forcado tende a observar a Festa com um olhar diferente, muito diferente mesmo, com um olhar de quem anda na Festa por prazer, para se divertir e gozar uma fase da vida espectacular sem esperar nada da Festa em troca, a não ser que o respeitem e reconheçam o seu valor. É isso que pretendemos porque, ao fim e ao Cabo tentaremos ser aquilo que qualquer grupo de forcados é, um Grupo de Amigos muito unido que se junta para pegar Toiros.

Tudo faremos para dignificar a jaqueta que envergamos.
Tudo faremos para dignificar a Festa Brava.
Tudo faremos para dignificar a Praia da Vitória e a Ilha Terceira.

Muito Obrigado
Discurso proferido em 05 de Julho de 2007





Treino - Praça de Tentas Rego Botelho

terça-feira, 23 de outubro de 2007

G.F.A.R.G. no rabotorto.blogspot.com



Entrevista com Filipe Pires (nosso cabo) aqui.



Treino na Praça de Tentas da Terra Chã - Fevereiro de 2007

Um video de Fernando Pereira


Como Cresce o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande

Numa Terra taurina, como a nossa, em que a festa brava tem uma forte dimensão popular e cultural, é certo que muitos sejam os jovens, movidos, não só pela aficion que lhes vai na alma, mas também pelo desejo de experimentar momentos de fortes emoções e de verdadeiro espírito de camaradagem que aspiram um dia vestir uma jaqueta de ramagens.

Ao mesmo tempo um grupo que tenha uma perspectiva de futuro investe na formação dos seus jovens forcados, trabalho exigente e de grande responsabilidade, na medida em que se espera que todos os conhecimentos/competências transmitidos a estes jovens, possam ser sinónimos de valorosos forcados, mas também de aficionados com uma capacidade crítica devidamente fundamentada.

O G.F.A.R.G. apesar da sua juventude, tem demonstrado ser um grupo de amigos com grande dinamismo e tendo conhecimento destas duas realidades, idealiza já o seu grupo juvenil, estando neste momento abertas as inscrições a todos os jovens que anseiam ser os forcados do futuro dos Amadores do Ramo Grande.

forcadosdemontemor.com/galeria_detail.php?nID=6.


Inscreve-te!!!!!

Contactar:

Nuno Pires: 964154905

Filipe Lemos: 967283920

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A Origem dos Forcados

Em 1836, no reinado de D. Maria II, foi decretado a proibição da morte dos toiros na arena, para remate da lide dos cavaleiros, passou-se a pegar o toiro.
Foi assim que no
século XIX teve formalmente origem a existência dos forcados como conhecemos nos dias de hoje.
Descendem directamente dos antigos Monteiros da Choca, grupo de moços que, com os seus bastões terminando em forquilha ou forcados, defendiam na arena o acesso à escadaria do camarote do Rei, que com o decreto de
D. Maria II passaram a ser eles a pegar o toiro, evoluindo o nome de Monteiros da Choca, para Moços de Forcado ou simplesmente Forcados.
A pega já se praticava sem galardões de espectáculo e a sua técnica seguramente já era conhecida mas como tudo sofreu algumas alterações até aos dias de hoje.
Depois da reunião do primeiro elemento com o touro, cabe aos ajudas a tarefa de imobilizar o touro para que a pega se considere realizada.
O
rabejador é o responsável por rematar a pega.

A pega

A pega do toiro é também uma forma de toureio, o forcado quando vai para a cara de a um touro sente-se toureiro.

Existem vários tipos de pegas, as mais conhecidas e utilizadas nos nossos dias são a pega de caras e a pega de cernelha.

Na pega de caras, o primeiro elemento, o forcado da cara, tem como objectivo fechar-se na cara do toiro, após se ter fechado a córnea ou a barbela e amortecido o choque da investida. Não se espera que esse forcado segure o toiro sozinho, apenas se lhe exige que aguente os primeiros derrotes com que o toiro o tenta lançar fora, até que o primeiro ajuda ou contra caras ajude a po-lo na cara do toiro, a seguir vêem os pontas de bola ou segundas ajudas, que como o nome indica ajudam cada um no seu corno. Depois vem o rabejador que tem como função segurar e rodar o toiro para que o toiro não saia do grupo e por fim os terceiras ajudas que têm como função fechar para que o toiro pare. Nessa altura a pega é consumada e o touro é libertado, e então o rabejador adorna-se com o toiro.

Também a pega de cernelha obedece a uma técnica. Executada por dois elementos, o cernelheiro e o rabejador, esperam o encabestrar do touro para tentar a sua sorte. Desta feita a tentativa da pega é feita por um elemento agarrado a cernelha do touro e outro ao rabo do touro, com o mesmo objectivo, imobilizar o touro.

A estética está sempre presente. O forcado vale pela sua serenidade e sangue frio, mas também pela sua qualidade artística. Não necessita de invulgar força ou robustez, antes terá de desenvolver qualidades psicológicas, pelo que se diz que a pega é uma escola de virtudes e amizades!

Quando um forcado caminha na arena em direcção ao toiro, sem outra protecção que a confiança na sua destreza, terá de vencer a luta consigo próprio. O medo está sempre presente e a contrapor tem acima de tudo o apoio dos seus companheiros, a dependência um dos outros fá-los ter entre si uma amizade única que os acompanha pela vida fora.







Ass: Filipe Lemos

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Treino (14/10/ 2007)

Inauguração


Depois de nos estrear-mos a pegar toiros, iniciamos este espaço que para além de ser um meio de divulgação do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande, deverá ser um meio de divulgação da festa brava. Assim este blogue deverá contribuir para o enriquecimento dos conhecimentos taurinos de todos os aficionados que nos lêem e manter todos os interessados actualizados em relação à vida do G. F. A. R. G.