INFANTES DO RAMO GRANDE FORAM REIS EM LISBOA; SÃO TORCATO COM NOTA ELEVADA
por barreiradesombra, em 05.05.12
PRAÇA DE TOIROS DO CAMPO PEQUENO – 03.05.12
Director: Agostinho Borges – Veterinário: Carlos Santos – Lotação:
1/3
Cavaleiros: Sónia Matias, Ana Batista
Forcados: Ramo Grande
Matadores: Luis Procuna, David Mora
Ganadaria: São Torcato
A figura do forcado, ex-libris da lusitana tauromaquia, figura admirada pela
sua valentia e destreza, transformada em arte de bem pegar os toiros dando-lhes
todas as vantagens, teve nos infantes do Ramo Grande, terceirenses de gema, os
grandes triunfadores da segunda nocturna do abono lisboeta na passada
quinta-feira, 3 de Maio. E se estes bravos da Ilha Terceira mostraram como se
pegam os toiros, os que saíram à arena e marcados com o ferro de São Torcato,
foram também triunfadores pela sua qualidade e trapio no geral, com alguns
toiros a destacarem-se e a mostrar a falta que faz a casta, a raça e a bravura
nas nossas arenas.
Citar bem, de largo, mostrar-se ao toiro. Caminhar decidido e provocar a
investia para, depois, recuar templadamente e fechar-se na cara do toiro, seja à
barebla ou à córnea, com galhardia. E as ajudas a entrarem a tempo, cumprindo a
missão, deixando brilhar o forcado da cara mas com a eficiência de parar o toiro
para se poder dar por consumada a pega. Assim fizeram os
forcados açorianos do Ramo Grande comandados
por Filipe Pires e que tiveram como forcados de cara três irmãos, de seus nomes
Manuel Pires, Miguel Pires e Nuno Pires, numa noite em que
todas as pegas de caras foram consumadas à primeira. Parabéns Ramo Grande!
Os toiros de São Torcato, cinco deles de grande trapio,
tiveram qualidades com a raça, casta e bravura a sobressaírem, excepção feita
para 4º e 5º da ordem. Foram toiros que transmitiram emoção e expuseram os
toureiros que, em muitas situações, não foram capazes de lhes dar as lides
adequadas. Está também de parabéns o ganadeiro Joaquim Alves pois a Festa Brava
necessita esta emoção que os seus toiros levaram a Campo Pequeno.
No que concerne ao toureio praticado, não saí muito satisfeito com o que vi e
até alguma decepção se apoderou de mim ao ver que às boas condições de alguns
toiros não houve correspondência no toureio praticado. A espaços houve bons
muletazos e dois ou três ferros curtos, o que, convenhamos, é muito pouco. E não
foi por falta de matéria prima.
A lide a duo que abriu praça serviu para mostrar que a um toiro de excelente
qualidade não houve correspondência no toureio praticado por Sónia
Matias e Ana Batista. Sem grande ligação, regista-se
um curto de melhor nota para cada uma das toureiras mas. N o cômputo geral, a
ficarem muito aquém da qualidade do toiro.
Nas lides a sós, nem Sónia nem Ana tiveram uma noite de inspiração, mostrando
que há muito trabalho de casa para fazer, que há que procurar uma melhor leitura
de terrenos, distâncias e querenças do toiro para lhe sacar o máximo partido. E,
de novo, um ferro de qualidade para cada uma das cavaleiras, pouco, muito pouco,
numa primeira praça do País e onde a exigência tem de ser cada vez maior.
No capítulo do toureio a pé, o enraçado e encastado segundo da noite,
precisava de um Luis Procuna mais decidido e
confiado na muleta. O toiro exigia que lhe colocassem bem a muleta, que lhe
vencessem o pitón e levassem a muleta por baxio, em traçado mais largo e aí
investida codicioso e com raça. Quiçá uma vara lhe tivesse tirado algum do
temperamento que tinha e permitisse um toureio mais repousado e relaxado.
Procuna, a espaços, por duas vezes conseguiu esse desiderato e sacou-lhe duas
tandas de derechazos de muita qualidade. No seu segundo cumpriu com meias dúzia
de muletazos de melhor nota. Esteve muito bem nas bandarilhas em ambos os
toiros, sendo fortemente aplaudido.
O espanhol David Mora teve um bom início de faena no que foi
terceiro da noite, deixando a muleta sempre bem colcada na cara do toiro,
templando as já de si templadas investidas do de São Torcato e sacando-lhe bons
muletazos. A partir do meio da faena, o toiro começou a parar-se, de meias
investidas, e a faena decaíu de interesse. No que encerrou praça, e com um
início de faena de joelhos em terra, Mora sacou alguns bons passes, entendendo
bem terrenos e distâncias e conseguindo bons momentos de toureio.
Na direcção da corrida esteve Agostinho Borges assessorado
pelo veterinário Carlos Santos, registando-se cerca de um terço
da lotação preenchida.
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