sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Relembrando: Crónica da Corrida de 3 de Maio de 2012

INFANTES DO RAMO GRANDE FORAM REIS EM LISBOA; SÃO TORCATO COM NOTA ELEVADA 

por barreiradesombra, em 05.05.12

PRAÇA DE TOIROS DO CAMPO PEQUENO – 03.05.12
Director: Agostinho Borges – Veterinário: Carlos Santos – Lotação: 1/3
Cavaleiros: Sónia Matias, Ana Batista
Forcados: Ramo Grande
Matadores: Luis Procuna, David Mora
Ganadaria: São Torcato


A figura do forcado, ex-libris da lusitana tauromaquia, figura admirada pela sua valentia e destreza, transformada em arte de bem pegar os toiros dando-lhes todas as vantagens, teve nos infantes do Ramo Grande, terceirenses de gema, os grandes triunfadores da segunda nocturna do abono lisboeta na passada quinta-feira, 3 de Maio. E se estes bravos da Ilha Terceira mostraram como se pegam os toiros, os que saíram à arena e marcados com o ferro de São Torcato, foram também triunfadores pela sua qualidade e trapio no geral, com alguns toiros a destacarem-se e a mostrar a falta que faz a casta, a raça e a bravura nas nossas arenas.

Citar bem, de largo, mostrar-se ao toiro. Caminhar decidido e provocar a investia para, depois, recuar templadamente e fechar-se na cara do toiro, seja à barebla ou à córnea, com galhardia. E as ajudas a entrarem a tempo, cumprindo a missão, deixando brilhar o forcado da cara mas com a eficiência de parar o toiro para se poder dar por consumada a pega. Assim fizeram os forcados açorianos do Ramo Grande comandados por Filipe Pires e que tiveram como forcados de cara três irmãos, de seus nomes Manuel Pires, Miguel Pires e Nuno Pires, numa noite em que todas as pegas de caras foram consumadas à primeira. Parabéns Ramo Grande!

Os toiros de São Torcato, cinco deles de grande trapio, tiveram qualidades com a raça, casta e bravura a sobressaírem, excepção feita para 4º e 5º da ordem. Foram toiros que transmitiram emoção e expuseram os toureiros que, em muitas situações, não foram capazes de lhes dar as lides adequadas. Está também de parabéns o ganadeiro Joaquim Alves pois a Festa Brava necessita esta emoção que os seus toiros levaram a Campo Pequeno.

No que concerne ao toureio praticado, não saí muito satisfeito com o que vi e até alguma decepção se apoderou de mim ao ver que às boas condições de alguns toiros não houve correspondência no toureio praticado.  A espaços houve bons muletazos e dois ou três ferros curtos, o que, convenhamos, é muito pouco. E não foi por falta de matéria prima.

A lide a duo que abriu praça  serviu para mostrar que a um toiro de excelente qualidade não houve correspondência no toureio praticado por Sónia Matias e Ana Batista. Sem grande ligação, regista-se um curto de melhor nota para cada uma das toureiras mas. N o cômputo geral, a ficarem muito aquém da qualidade do toiro.

Nas lides a sós, nem Sónia nem Ana tiveram uma noite de inspiração, mostrando que há muito trabalho de casa para fazer, que há que procurar uma melhor leitura de terrenos, distâncias e querenças do toiro para lhe sacar o máximo partido. E, de novo, um ferro de qualidade para cada uma das cavaleiras, pouco, muito pouco, numa primeira praça do País e onde a exigência tem de ser cada vez maior.

No capítulo do toureio a pé, o enraçado e encastado segundo da noite, precisava de um Luis Procuna mais decidido e confiado na muleta. O toiro exigia que lhe colocassem bem a muleta, que lhe vencessem o pitón e levassem a muleta por baxio, em traçado mais largo e aí investida codicioso e com raça. Quiçá uma vara lhe tivesse tirado algum do temperamento que tinha e permitisse um toureio mais repousado e relaxado. Procuna, a espaços, por duas vezes conseguiu esse desiderato e sacou-lhe duas tandas de derechazos de muita qualidade. No seu segundo cumpriu com meias dúzia de muletazos de melhor nota. Esteve muito bem nas bandarilhas em ambos os toiros, sendo fortemente aplaudido.

O espanhol David Mora teve um bom início de faena no que foi terceiro da noite, deixando a muleta sempre bem colcada na cara do toiro, templando as já de si templadas investidas do de São Torcato e sacando-lhe bons muletazos. A partir do meio da faena, o toiro começou a parar-se, de meias investidas, e a faena decaíu de interesse. No que encerrou praça, e com um início de faena de joelhos em terra, Mora sacou alguns bons passes, entendendo bem terrenos e distâncias e conseguindo bons momentos de toureio.

Na direcção da corrida esteve Agostinho Borges assessorado pelo veterinário Carlos Santos, registando-se cerca de um terço da lotação preenchida.

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