sábado, 5 de janeiro de 2013

Recordando


Q
 
uanta emoção e espectáculo na arte destes toureiros!

Publicado na Segunda-Feira, dia 24 de Novembro de 2008
Mário Aguiar Rodrigues
 
É ponto assente e não há volta a dar!
Boa parte do sucesso dos espectáculos tauromáquicos em Portugal fica a dever-se à acção dos forcados. São os forcados responsáveis ainda pela presença (crescente!) de ente nova nas praças de toiros, jovens  fascinados pela emoção, arrojo e arte da Pega de Caras.
Quantas vezes não se resumem as corridas ao conjunto de pegas valentes em contraste com o descolorido desempenho de outros toureiros, quantas?
Envergue ou não  a jaqueta de grupo com história; seja ou não seja o grupo filiado na associação de classe; pegue ou não pegue o grupo mais de vinte corridas, o forcado na arena assume sempre o estatuto de toureiro de primeira, quando avança, quando cita, quando se fecha à cornea ou à barbela, quando ajuda, quando rabeja. O toiro, quando se arranca, não lhe questiona identificação, classe social ou pergaminhos, nem o cumprimenta pela antiguidade das ramagens da jaqueta.
Os forcados são todos iguais e todos humanos. Como tal, têm dias e dias, bons e maus, tardes de glória e outras de tristeza e “vergonha”. Mas continuam forcados embora isso possa desagradar a uns tantos presumidos.
Esta verdade caracteriza as temporadas, uma a uma, em cada corrida, em cada praça. O mesmo forcado, que ontem encheu o título da crónica, pode não merecer uma linha na apreciação do espectáculo de hoje mas, lá por isso, não deixou, e não deixa, de ser toureiro, pronto para a próxima chamada.
Na temporada açoriana de 2008, os forcados reclamaram boa parte da atenção dos média pela alta qualidade das actuações.
Com um ano de existência, os Forcados Amadores do Ramo Grande obtiveram o reconhecimento da Associação Nacional de Grupos de Forcados. O facto permitiu que, pela primeira vez, a Feira de São João apresentasse no cartaz dois grupos terceirenses (devidamente legalizados).
O reconhecimento do Ramo Grande pela ANGF e a inclusão nas Sanjoaninas foram acontecimentos relevantes no historial da forcadagem nos Açores.
Outro dado para a história de 2008 esteve nas celebrações dos 35 anos de actividade do Grupo dos Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.
De referir que outro ponto alto da temporada foi a presença dos Amadores de Lisboa na Feira da Semana Cultural das Velas, S. Jorge. Por sua vez, os Amadores de Turlock (California) dividiram as pegas na Feira da Graciosa com os Amadores da T.T.T., depois de, em 2007, o terem feito em S. Jorge.
Na Praça Ilha Terceira, a temporada apontou 3 grupos de forcados: Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, Amadores do Aposento da Chamusca, Amadores do Ramo Grande.
O protagonismo destes grupos foi (sempre) louvado na escrita dos jornais e revistas, no som e imagem das rádios e televisões quando, fardados, interpretavam o toureio na arte de pegar toiros.
A temporada abriu com o festival “Luís Fagundes”. Perante 7 novilhos/toiros de 6 ganadarias terceirenses, os Amadores do Ramo Grande honraram as jaquetas com uma série de pegas de qualidade, emoção e espectáculo. Foram caras César Pires (a dobrar o Cabo, Filipe Pires), Manuel Pires, André Parreira, Hugo Neves, Bruno Anjo, Nuno Pires e Valter Silva.
Vieram as  Sanjoaninas ( 4 Corridas) com disputa acesa entre os dois grupos da Terceira. No concurso, destacou-se Álvaro Dentinho, dos Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, na pega ao 3º da segunda corrida, exemplar de Irmãos Toste, lidado por Rui Lopes.
Em Julho, o Concurso de Pegas da II Corrida do Emigrante exigiu muita entrega aos Amadores da Tertúlia Terceirense e aos Amadores do Aposento da Chamusca. Que noite para os forcados !
Marco Sousa, da T.T.T., foi distinguido com o troféu da melhor pega mas qualquer outra poderia ter saído triunfadora já que César Fonseca e Décio Dias (TTT), João Braga, João Vinagre e Alexandre Miga (Ap. Chamusca) foram enormes de valentia, arrojo e técnica.
Novo despique entre os grupos terceirenses aconteceu em Agosto com as Festas da Praia da Vitória (Corrida Mista, 7 toiros). Foram 5 pegas  monumentais: César Fonseca e João Pedro Ávila (TTT), Manuel Pires e André Parreira (R. Grande). A 5ª intervenção dos forcados, com Nuno Pires na cara, foi levada a cabo por um misto dos dois grupos com Álvaro Dentinho a rabejar. A título de exemplo, a pega de Manuel Pires (R. Grande) ao 2º da ordem, exemplar de Irmãos Toste, 520 Kg., foi qualquer coisa de extraordinário. O forcado sofreu, e aguentou, 8 derrotes violentos até se fixar definitivamente na barbela. Oito derrotes... contados, um a um, na sequência fotográfica de um dos companheiros de trabalho na trincheira.
A temporada fantástica dos forcados encerrou na Praça Ilha Terceira com o Concurso de Ganadarias/Corrida dos 35 anos dos Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense ( 6 toiros + 1 novilho extra-concurso).
Os Amadores em festa de aniversário exibiram-se a contento com intervenções de Adalberto Belerique, o Cabo do Grupo, César Fonseca, Marco Sousa, José Vicente, Décio Dias, Helénio Melo ( a dobrar João Pedro Ávila, lesionado) e Álvaro Dentinho.
Não há mesmo volta a dar. A “corrida à portuguesa” vive muito à conta da acção dos forcados.
Graças a Deus, por estas bandas atlânticas, há cada vez mais jovens a juntar-se aos Grupos de Forcados da Terceira, os Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense e os Amadores do Ramo Grande.
 
 

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