E assim se vai escrevendo a história do Amadores do Ramo Grande, após uma breve pesquisa em alguns sites taurinos eis que surge esta crónica no blog barreiradesombra e que analisa de uma forma genérica a temporada 2012.
Aqui transcrevemos a respectiva crónica com a devida vénia ao Senhor António Lúcio...
por barreiradesombra, em 29.10.12
A um mês de colocar
ponto final da temporada 2012 do «Barreira de Sombra», uma temporada em que
acompanhámos 58 espectáculos, dos quais 11 na região a norte do Mondego, é
grande a satisfação de ter participado, em conjunto com o José Andrade, e
muitos amigos que estiveram nestes estúdios ou via telefone, em alguns dos
grandes momentos desta temporada. E destaco, desde logo, a vitória imensa que
foi para a nossa Festa Brava, a realização da corrida em Viana do Castelo, por
ocasião das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, pelo empenho que teve
da Protoiro e de todos os intervenientes nesse espectáculo para o fim fosse
atingido.
Mas as vitórias da temporada não se
ficaram por aqui e no Parlamento, na Assembleia da República, a derrota dos
anti-taurinos, foi esmagadora. Lamentavelmente, o Secretário de Estado da
Cultura Francisco José Viegas, que abandonou agora o barco, não foi capaz de
colocar em vigor o novo Regulamento do espectáculo tauromáquico que todos
anseiam conheça a luz do dia.
Vitória pela forma como a RTP transmitiu
quase uma dúzia de corridas de toiros, com bons shares de audiência e com o
«Arte & Emoção» a dar cartas nas audiências na RTP/2. Ou ainda para a forma
como a Lusa, com o trabalho de Hugo Teixeira, acompanhou momentos marcantes da
temporada portuguesa.
Neste ano, marcado pela incerteza, pela
pouca disponibilidade monetária da esmagadora maioria dos portugueses, muitas
das corridas a que assisti tiveram excelentes molduras humanas, que se
reflectem na média estimada de mais de 2500 pessoas por espectáculo. E a
diminuição do total de espectáculos em Portugal ficou a dever-se mais às chuvas
de Abril e Maio do que à crise, real, que enfrentamos.
Crise que muitos dizem ser também de
valores. Mas se a aposta de mantiver, alguns daqueles que despertaram o
interesse do público e dos aficionados neste 2012, virão a confirmá-lo em 2013
e, quiçá, a serem os cabeça de cartaz do futuro. No «Barreira de Sombra» não se
atribuem prémios aos triunfadores da temporada. Mas destacamos aqueles que nos
fizeram sonhar, que nos trouxeram emoções fortes, que fizeram com que os
aplausos e os olés saíssem da garganta.
Nos cavaleiros de alternativa
destaco João Moura Caetano. Uma temporada de altíssimo nível e uma lide
fabulosa como a que lhe vi em Azambuja, mostram que a maturidade está atingida
e que 2013 poderá ser o ano do grande “boom”. Filipe Gonçalves foi outra
das revelações da temporada, entrando em força e conseguindo bons triunfos.
Mais um valor a ter em conta. E Duarte Pinto, autor de uma das melhores
lides que vi em 2012, em Santarém, frente a um extraordinário toiro, e estando
por cima, com valor e raça, fazendo-nos recuar muitos anos para nos lembrarmos
de uma lide desse calibre.
Quanto aos cavaleiros consagrados,
destaco uma grande actuação de João Salgueiro a 19 de Julho em Lisboa;
de Rui Fernandes em Dona Maria a 3 de Março no festival de homenagem a
Alfredo Conde, e a grande temporada de Luís Rouxinol, que comemorou as
boas de prata de alternativa.
Quanto aos cavaleiros praticantes,
uma palavra de enorme destaque para a raça, a entrega e o valor demonstrados
por Salgueiro da Costa. Teve momentos arrepiantes de emoção em várias
das actuações que lhe vi e se mantiver esse nível, será rapidamente catapultado
aos lugares cimeiros da nossa lusa tauromaquia.
No capítulo do toureio a pé,
poucas foram as corridas propícias ao êxito dos toureiros e à afluência de
público. Contudo, e apesar de terem existido alguns toiros a proporcionarem
faenas de relevo, elas nem sempre aconteceram. Destaco, nesta análise á
temporada de 2012, a atitude, o valor e a raça, para além da arte, do novilheiro
Manuel Dias Gomes, quer em Madrid, quer em Lisboa ou, ainda, em Vila Franca
de Xira. Se dúvidas existissem, ele dissipou-as por completo nesta última
corrida e no seu último toiro. É merecidamente um dos triunfadores da temporada
de 2012. E no escalão inferior, gostei imenso da progressão demonstrada por Diogo
Peseiro, da Academia do Campo Pequeno, injustamente não premiado no Campo
Pequeno. A sua atitude foi a de um novilheiro em toda a acepção da palavra. E
neste campo da promoção dos jovens toureiros e em especial dos aspirantes a
novilheiros, destaque-se, também, a iniciativa do I Ciclo de Novilhadas das
Escolas de Toureio.
Quanto aos matadores, o destaque
vai para o triunfo de Luís Procuna na Moita a 15 de Setembro e de Pedrito
de Portugal no dia 16 também na Moita, naquela que foi a sua única actuação
em Portugal. David Mora, Ivan Fandiño e Antonio Ferrera deixaram boa
nota.
No
que concerne ao elemento mais genuinamente português da Festa Brava, o forcado,
viveram-se momentos de imenso brilho e de algum dramatismo à mistura em várias
das corridas em que estivemos presentes nesta temporada. Lamentavelmente há a
registar uma lesão gravíssima de Nuno Carvalho, do Aposento da Moita. Mas das
actuações destacadas, em termos de Grupo, as do Ramo Grande e de
Montemor, ambas em Lisboa, mostraram todo o espírito do forcado. E em
termos de pegas, a de cernelha protagonizada por João Maria e Carlos
Silva dos Amadores de Vila Franca com um toiro de Canas Vigoroux em Vila
Franca, pelo enorme momento que foi e pela forma como fez vibrar o público.
No capítulo ganadeiro, e dos mais de 300
toiros e novilhos que vimos lidar em 2012, houve no geral curros bem
apresentados, com muita presença, com boas condições de lide, e por isso damos
os parabéns aos ganadeiros. Destaco o 6º toiro da corrida de Santarém,
a 3 de Junho, da ganadaria de Fernandes de Castro pela bravura,
classe e disponibilidade que mostrou; um toiro de Falé Filipe, a 5 de
Julho em Lisboa e os erales que esta ganadaria enviou para 10 de
Setembro em Sobral de Monte Agraço; e o curro de São Torcato,
pela sua qualidade, lidado a 3 de Maio em Lisboa.
Na direcção de corrida, o
destaque vai para o nóvel Delegado Técnico Tauromáquico Rogério Jóia
que, para a além da competência e rigor, mostrou ser um excelente aficionado e
de enorme sensibilidade na condução do espectáculo. Fazem falta mais Delegados
come ste critério.
Os veterinários cumpriram no geral, se
bem que em raras situações – que aconteceram – não foram tão rigorosos quanto
deviam em defesa dos direitos dos animais e dos espectadores.